Nem sempre optar por terrenos macios é a melhor escolha para
corredores, ao contrário do que muitos pensam.
Conheçam os benefícios de correr nesses tipos de solo e saiba
quando isso não é o mais indicado.

"Superfícies macias são normalmente indicadas por uma questão
de conforto ou de preferência - e tenho certeza de que algumas pessoas preferem
correr na grama ou na areia. O problema é o potencial de o corredor ter uma
lesão aguda (como entorse de tornozelo). Além disso, essas superfícies requerem
uma atividade muscular diferente e muitas vezes mais intensa (o que pode
aumentar a fadiga). E correr em um solo mais macio não significa necessariamente
que forças/cargas no corpo são menores, pois o corpo muda a sua rigidez, de
forma a manter as cargas constantes, independentemente do plano de
rolamento". "Explica Stuart Warden, diretor do Centro de
Pesquisas Musculoesquelética da Universidade de Indiana, (EUA).
"Não é exatamente arriscado, mas requer cuidado, porque
modificar o terreno muda a forma como a pessoa corre e coloca força em lugares
diferentes do corpo. O corredor precisa dar tempo suficiente para que essas
partes recém-sobrecarregadas se adaptem." orienta Warden.
A grama tem a vantagem de diminuir a sobrecarga plantar e, com
isso, possivelmente diminuir a sobrecarga nas articulações. Mas como a
desvantagem, sua instabilidade pode gerar outro tipo de lesão, de
característica traumática. "Por conta disso, sugiro a grama para o treino
longo, sem foco em performance. Além disso, claro, é necessário escolher
bem o gramado. Quanto menos buracos, mais seguro." diz Tessutti.
Para os treinos de de velocidade, ele sugere o asfalto, se o
objetivo for desempenho e performance. "Mas sabendo que o nível de impacto
e a solicitação do sistema ósseo-articular é bem maior. A escolha do psio deve
fazer parte da periodização do treino, pois essa variável influi na
performance. E se for mal utilizada ou simplesmente desconsiderada, pode levar
a lesões traumáticas ou crônicas." diz.
O fato é que exitem vários tipos de superfície e vários tipos de
treino e não há uma receita de bolo. A terra batida é muito próxima ao asfalto,
enquanto a terra fofa tem similaridade com a grama. O concreto é apontado por
treinadores com a pior superfície, pois a densidade do material é a mais alta
de todas, não permitindo que a força se dissipe.
Danilo Balu, treinador formado em Esporte pela USP, recomenda o
asfalto em quase todas as ocasiões. "É o piso padrão de um atleta de longa
distância, porque é muito difícil para a absoluta maioria dos corredores fugir
por completo desse tipo de piso. Mas treinar apenas no asfalto não é o mais
adequado para quem tem alternativas como terras batida ou gramados. Pisos como
estradas de terras batida ou trilhas têm uma vantagem que o asfalto nunca terá,
que é a variação do ângulo com o qual o atleta faz o contato co o solo,
treinando diferentes músculos e de forma distinta a cada pisada. A pessoa que
corre em trilhas também muda o ângulo da coxa com o quadril e também os ângulos
em que o joelho faz o trabalho, sendo, assim, um excelente trabalho de força
específica na corrida. O gramado, por sua vez, pode ser também uma bela
alternativa para quem trota descalço, porque acaba trabalhando a musculatura intrínseca
do pé, justamente uma das responsáveis por todo o amortecimento do
impacto." diz.
E o tênis? O objetivo do treino deve levar em
consideração não só o local de corrida, como também o tênis.
"Em uma superfície macia, utilizar um tênis que permite
grande movimentação do pé, como os calçados minimalistas, por exemplo, pode ser
uma ótima chance de buscar fortalecimento, principalmente do complexo
tornozelo-pé.
Se o objetivo é a melhor performance, os calçados de prova, com
pouco amortecimento, auxiliarão.

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