quarta-feira, 25 de abril de 2012

Terra ou asfalto?





Nem sempre optar por terrenos macios é a melhor escolha para corredores, ao contrário do que muitos pensam. 
Conheçam os benefícios de correr nesses tipos de solo e saiba quando isso não é o mais indicado. 

Corredores lesionados ou com medo de se machucar geralmente recebem a recomendação de evitar o asfalto e treinar em superfícies mais "macias", como a terra ou a grama. Mas saiba que nem sempre isso pode ser uma boa escolha e pode ao contrário, agravar ainda mais os danos. "Se você tem a tendência de torcer o tornozelo facilmente, pode não ser uma boa ideia correr em superfícies irregulares. Prefira um terreno regular como o asfalto e use um tênis com bom amortecimento." sugeriu à Sport Life Hirofumi Tanaka, do Departamento de Cinesiologia e Educação para a Saúde da Universidade do Texas, (EUA).

"Superfícies macias são normalmente indicadas por uma questão de conforto ou de preferência - e tenho certeza de que algumas pessoas preferem correr na grama ou na areia. O problema é o potencial de o corredor ter uma lesão aguda (como entorse de tornozelo). Além disso, essas superfícies requerem uma atividade muscular diferente e muitas vezes mais intensa (o que pode aumentar a fadiga). E correr em um solo mais macio não significa necessariamente que forças/cargas no corpo são menores, pois o corpo muda a sua rigidez, de forma a manter as cargas constantes, independentemente do plano de rolamento". "Explica Stuart Warden, diretor do Centro de Pesquisas Musculoesquelética da Universidade de Indiana, (EUA). 
"Não é exatamente arriscado, mas requer cuidado, porque modificar o terreno muda a forma como a pessoa corre e coloca força em lugares diferentes do corpo. O corredor precisa dar tempo suficiente para que essas partes recém-sobrecarregadas se adaptem." orienta Warden.

Ok, mas ainda sim é melhor correr no asfalto? O pesquisador do Laboratório de Biomecânica de Movimento e Postura Humana do Departamento de Fisioterapia da USP, Vitor Tessutti, diz não ser possível dar o veredicto sobre qual superfície é a melhor. "Precisamos parar de buscar o que é melhor. Devemos o que é mais adequado para cada situação, pois exitem vantagens e desvantagens. Alguns pesquisadores mostram que pisos diferentes não mudam necessariamente a corrida. Por exemplo, quando se analisa a variação do centro da massa do corpo, nada muda, por conta da capacidade do organismo corrigir-se mecanicamente na tentativa de manter o centro de massa estável. O grande problema é saber se isso ocorre mesmo na forma sob fadiga. Em meus estudos, entretanto, feitos no ambiente de treino, a diferente entre a grama e o asfalto chegou a 16% sendo que o asfalto provocou uma carga na superfície planar maior que a grama, principalmente na lateral externa do calcanhar."

A grama tem a vantagem de diminuir a sobrecarga plantar e, com isso, possivelmente diminuir a sobrecarga nas articulações. Mas como a desvantagem, sua instabilidade pode gerar outro tipo de lesão, de característica traumática. "Por conta disso, sugiro a grama para o treino longo, sem foco em performance. Além disso, claro, é necessário escolher bem o gramado. Quanto menos buracos, mais seguro." diz Tessutti. 

Para os treinos de de velocidade, ele sugere o asfalto, se o objetivo for desempenho e performance. "Mas sabendo que o nível de impacto e a solicitação do sistema ósseo-articular é bem maior. A escolha do psio deve fazer parte da periodização do treino, pois essa variável influi na performance. E se for mal utilizada ou simplesmente desconsiderada, pode levar a lesões traumáticas ou crônicas." diz. 
 
O fato é que exitem vários tipos de superfície e vários tipos de treino e não há uma receita de bolo. A terra batida é muito próxima ao asfalto, enquanto a terra fofa tem similaridade com a grama. O concreto é apontado por treinadores com a pior superfície, pois a densidade do material é a mais alta de todas, não permitindo que a força se dissipe. 

Danilo Balu, treinador formado em Esporte pela USP, recomenda o asfalto em quase todas as ocasiões. "É o piso padrão de um atleta de longa distância, porque é muito difícil para a absoluta maioria dos corredores fugir por completo desse tipo de piso. Mas treinar apenas no asfalto não é o mais adequado para quem tem alternativas como terras batida ou gramados. Pisos como estradas de terras batida ou trilhas têm uma vantagem que o asfalto nunca terá, que é a variação do ângulo com o qual o atleta faz o contato co o solo, treinando diferentes músculos e de forma distinta a cada pisada. A pessoa que corre em trilhas também muda o ângulo da coxa com o quadril e também os ângulos em que o joelho faz o trabalho, sendo, assim, um excelente trabalho de força específica na corrida. O gramado, por sua vez, pode ser também uma bela alternativa para quem trota descalço, porque acaba trabalhando a musculatura intrínseca do pé, justamente uma das responsáveis por todo o amortecimento do impacto." diz. 

E o tênis? O objetivo do treino deve levar em consideração não só o local de corrida, como também o tênis. 
"Em uma superfície macia, utilizar um tênis que permite grande movimentação do pé, como os calçados minimalistas, por exemplo, pode ser uma ótima chance de buscar fortalecimento, principalmente do complexo tornozelo-pé. 
Se o objetivo é a melhor performance, os calçados de prova, com pouco amortecimento, auxiliarão. 
E se o intuito for retornar de uma lesão por impacto, por exemplo, sugiro a corrida na grama com um tênis de amortecimento, mas, se a lesão for por um trauma com lesão de tornozelo, opte por um tênis de estabilidade em um piso também estável", sugere, caso a caso, Tessutti. 








Fonte: Revista Sport Life, parceira da Axxium.


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